quarta-feira, 21 de maio de 2008

Telecartofilia, que palavra é essa?

Uma coleção não precisa de regras para começar, mas com o tempo os colecionadores criam critérios para organizar os objetos que reúnem. Quanto mais adeptos tiver uma coleção, mais organizada ela tende a ser. E algumas delas chegam a ser conhecidas por um nome próprio. Provavelmente você já ouviu falar da filatelia – coleção de selos – e, talvez, alguma vez tenha ouvido falar em nunismática e achou o nome muito complicado para definir a coleção de cédulas e moedas. Mas esses nomes são muito utilizados pelos colecionadores e já fazem parte dos dicionários.


Em 1976, surge na Itália uma nova tecnologia para substituir as fichas telefônicas. É o cartão telefônico, que rapidamente se espalha por todos os países. Surgia também um novo objeto a ser colecionado, fato percebido pelos fabricantes e logo incentivado através de belas imagens que passaram a estampar a novidade. Presente na vida de todas as pessoas do planeta, se tornou uma coleção popular em pouco tempo.

Faltava apenas um nome, tarefa fácil para os franceses que criam nomes para as mais estranhas coleções. Na França, existem mais de cem tipos de coleções com nome próprio. Recorrendo ao grego e adaptando ao francês, a coleção de cartões telefônicos é batizada de “télécartophilie”. O sufixo -filia do grego φιλία (amizade) expressa dedicação, afeição, simpatia e é o mais utilizado para designar coleção no idioma francês. É antônimo ao sufixo -fobia que significa inimizade, ódio, temor. O restante era fácil, já que na França os cartões telefônicos são conhecidos como “télécarte”.


Os motivos para colecionar podem ser variados. Curiosidade, conhecimento, acaso, investimento. Desde um simples reunir peças ao acaso despretensiosamente até o investimento audacioso, a telecartofilia reúne uma quantidade de colecionadores de dar inveja aos demais colecionismos veteranos. Alguns cartões pioneiros alcançaram valores de cem até quinhentos reais, quando se trata dos mais raros. Mas, raridades à parte, o preço médio varia de dez centavos a um real cada cartão.


A telecartofilia popularizou o colecionismo, levou temas e métodos antes conhecidos apenas por um seleto grupo de colecionadores para crianças, adolescentes, jovens e adultos sem distinção de classe social ou lugar. Em grandes centros com lojas para telecartofilistas ou em cidades mais afastadas com pequenos comerciantes em rodoviárias, camelôs ou bancas de revista, o colecionador encontra cartões para completar suas séries. Se preferir, existe uma enorme rede de amigos que troca seus cartões telefônicos por correspondência e lojas na internet com um bom acervo para a coleção.

E mesmo que as companhias telefônicas não dêem a atenção devida aos colecionadores no Brasil, a quantidade de cartões já emitidos com tiragens em milhares e até milhões de exemplares é suficiente para manter a telecartofilia por muito tempo. Atualmente, são mais de 50 mil cartões telefônicos diferentes emitidos pela empresas telefônicas brasileiras.

Telecartofilia é cultura! Colecione cartões telefônicos.

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